O ultimo parágrafo.
O poeta andava meio calado.
Tropeçando pelos cantos.
Gaguejando até de mais.
Relembrando o que ficou para trás.
Repensando no que não queria mais.
Ele chegou a conclusão:
Que não conseguiria viver no medo.
Arranjava confusão.
Vivia do lado negro, na escuridão da vida.
Queria vingança, mas a troco de que?
Ele se drogava depois se lamentava.
Ele dava gargalhada.
Mas sempre depois chorava.
Tinha medo da própria sombra.
A própria sombra que o tanto assombrava!
Seu passado que virou de frente.
Tornou-se o fantasma do presente.
O levando a loucura.
A ilusão sem cura.
Do lado escuro, dos becos e vielas.
Barracos e favelas.
Da bebida as drogas.
E o seu fim estava próximo.
Ele sempre pensava que não conseguiria.
Fumar seu próximo cigarro.
Ou terminar sua próxima poesia.
Ou de se desculpar com o mundo e com todos.
Tempo ele tinha até de mais.
Mas já estava fraco. Já tinha se entregado.
Estava a dois passos para o inferno.
E a quase sete palmos para o chão.
Havia milhões de poesias.
Falando de sua angustia.
De monotonia, e das maravilhas do mundo.
Falava de sua vida como era bela.
E sua juventude que agora já era.
Falava da planta e raiz.
Do céu e da terra.
Da água e do ar.
Falava do ódio e amor.
A criatura e o criador.
Mesmo lembrado de tudo que foi bom.
Subiu em uma cadeira.
Com seu próprio lençol.
Enforcou-se a ti mesmo.
E deu adeus ao mundo.
Com uma carta em seu bolso.
E um álbum de fotografia.
No qual havia aquele garoto.
Cheio de vida e fantasias.
De sonhos e alegrias.
A qual não terá mais.
Os bons se tornam ruim.
Praticando a ação maligna.
A raiz é saudável.
Mas o casco era fraco.
E as folhas caiam.
E o vento o levava.
Para onde queria.
Por ironia do destino
A vida não tem uma segunda chance.
Corra enquanto é tempo.
Aproveite a vida.
Praticando o bem, e pratica o mau.
Contra o mal.
O sol vai nascer de novo.
Respire.